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domingo, 10 de março de 2013

Alma minha gentil, que te partiste

Soneto de um famoso clássico da Literatura Portuguesa. O grande Camões. O soneto abaixo foi escrito em homenagem a sua finada noiva. Observem a dor, a tristeza, a saudade e o amor expressado pelo eu-lírico. Boa leitura.

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,

Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.

(Luís Vaz de Camões)

segunda-feira, 4 de março de 2013

Soneto do Desmantelo Azul

Poema de um poeta recifense com um forte apelo pictórico. É uma boa leitura para começar o dia.

Soneto do Desmantelo Azul

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori, as minhas mãos e as tuas.

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.

(Carlos Pena Filho)